Buscando um bom desempenho na vaca do “futuro” temos que dar a atenção devida à fase de cria. Abaixo alguns cuidados fundamentais com as vacas em pré-parto e nascimento:
As vacas precisam de um descanso mínimo de 60 dias (período seco), isso para que ela possa se restabelecer novamente quanto ao score (para holandês 3,0 a 3,25 e para girolândas de 3,25 a 3,50); “descansar” a glândula mamária, dar foco no desenvolvimento final da bezerra (momento onde ocorrem 60% do ganho de peso fetal) e produzir colostro (colostrogênese). Esse processo tem início cinco semanas antes do parto e termina logo após o mesmo.
Atualmente já se sabe que vacas mestiças tem uma maior contração de Imunoglobulinas, seguidas de vacas da raça Jersey, Pardo Suíço e holandês. Segundo Devis e Drackley 1998, nos dois meses finais de gestão a demanda de aminoácidos e glicose pelo feto é equivalente as exigências de uma vaca produzindo de até 6 litros de leite/dia.
Um ambiente confortável, seguro e higiênico tem grande relevância para a saúde geral dos animais envolvidos no parto (mãe e cria). Um bom piquete maternidade deve haver boa cobertura vegetal, com pelo menos 4 m² de sobra por animal, para vacas que recebem 100% da dieta via cocho. Devemos disponibilizar pelo menos 56 m² de área por vaca, tendo na linha de cocho um espaço linear de 80 a 90 cm/vaca (sem cansil) ou 70 a 80 cm quando houver cansil.
Importante disponibilizar pelo menos um bebedouro para cada 20 vacas, tendo no mínimo 7 cm/vaca. Segundo Monteiro et al, 2016, bezerras nascidas de vacas em conforto térmico (resfriadas) no período seco produziram na média 5,1 kg de leite na 1ª lactação. Hoje também temos a opção das salas de parto, ambiente que vem sendo muito bem executado em fazenda que trabalham com rebanhos confinamentos em sistemas de free-stall e compost.
Atenção às características do touro escolhido e também a estrutura da novilha em seu primeiro parto, um bom parâmetro é realizar a 1ª inseminação ou cobertura quando esse animal atingir 55 a 60% do peso das vacas adultas.
Importante salientar que queremos sempre partos naturais com zero de distocia, pois sabemos que um parto distócico afeta diretamente a saúde do animal, segundo McDaniel 1981, a taxa de mortalidade nas primeiras 48 horas de vida em partos distócicos de grau 1, 2, 3, 4 e 5 é de 8,2%, 10,1%, 34,9%, 55,2% 47,7% respectivamente. Bezerras (os) nascidas de parto normal e sem distocia tem 39% a mais de sangue, isso está diretamente relacionado com a saúde geral dos animais.
Logo após o nascimento podemos utilizar os seguintes padrões para avaliação da evolução da bezerra (o): Posicionamento correto da cabeça em 3 minutos, posição esternal em 5 minutos, tentar ficar de pé em 20 minutos e ficar de pé em 60 minutos.
Outra medida preventiva que pode ser uma grande aliada é a utilização da Homeopatia Veterinária como método preventivo e curativo. Há relatos, por exemplo, de ocorrências agudas de tristeza parasitária que foram prevenidas com o uso de homeopatia, onde os animais que receberam o medicamento homeopático chegaram a ganhar de 136 g a 172 g a mais que o lote controle, que não recebeu medicação específica. Além de trazer bons resultados, o método tem como vantagem a possibilidade de tratar e prevenir sem deixar resíduos químicos no leite, na carne e no ambiente.
Ricardo Passamani Melotti – Médico Veterinário
Gerente Técnico na Real H Nutrição e Saúde Animal.
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Institucional21/11/2024