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Voltar 02/03/2017
Solanum malacoxylon
MV Prof Dr Claudio Martins Real
Trata-se de uma planta arbustiva pertencente ao gênero das Solanaceas cujo “habitat” são solos úmidos e argilosos, vegetando muito bem nessas condições desde a região do Pantanal Sul-mato-grossense ao Pampa argentino.
Na Argentina, desde o século XIX, era conhecido o “Enteque Seco”, uma doença que ocorria em bovinos que fora descrita pela por primeira vez por LIGNIÈRES, (1889), e cujo quadro clínico se caracterizava por calcificações generalizadas em órgãos e tecidos moles, levando ao definhamento e morte dos animais. A patogenia dessa doença permaneceu por muito tempo ignorada, sendo inicialmente considerada como uma Pasteurelose. Somente em 1962, no século XX, é que a doença foi reconhecida oficialmente como causada por uma intoxicação de origem vegetal sendo o Solanum malacoxylon, Sendt, a planta responsável por esta intoxicação.
No Brasil, em abatedouros, PARDI et alii, em 1947, descreveram a calcificação de órgãos de bovinos em animais provenientes do Pantanal Sul-mato-grossense, sendo que o homem pantaneiro, de longa data, já reconhecia a existência de uma doença no gado em tudo semelhante ao Enteque Seco por ele conhecida e denominada de “Espichamento” ou “Espichadeira”. Essa denominação foi dada em função do tipo de andadura, característica dos animais com os membros retesados como decorrência da calcificação dos tendões dos mesmos. Essa doença, mais tarde em 1971, foi reproduzida em bovinos por DOBEREINER et alii com a administração de Solanum malacoxylon, que havia sido coletado três anos antes no Pantanal.
O princípio tóxico da planta atualmente é reconhecido como a Vitamina D3 (1-25-dehidrocolecalciferol) e reproduz um quadro clinico de uma Hipervitaminose D. Segundo ALAIN HORVILLEUR, in SOLANUM MALACOXYLON, a planta contem ainda a diosgenine e o ß sitostérol, e também as enzimas cholecalciferol-25 hydroxylase e a 25 hydroxycholecalciferol-1a hydroxylase, que seriam capazes de hidroxilar o colecalciferol em metabólitos ativos e ainda os alcalóides: solasodine, solanine.
Como professor de Clínica e Reprodução (UFRGS) e como Homeopata, as caraterísticas da intoxicação por Solanum malacoxylon despertaram nossa atenção reconhecendo nesta planta a possibilidade dela se tornar um potencial e útil medicamento homeopático. Estávamos na década de 70 mais precisamente em 1976 e as Matérias Médicas Homeopáticas consultadas na época não continham a patogenesia do Solanum Malacoxylon.
Os exemplares da planta para o preparo da tintura mãe – TM – e demais dinamizações foram colhidos no banhado situado à margem direita do rio São Gonçalo, zona fronteiriça ao porto da cidade de Pelotas, RS. A TM e as dinamizações foram preparadas de acordo com as normas previstas na Farmacopeia Homeopática Brasileira utilizando-se as cascas secas das hastes mais grossas e folhas da planta.
Numa granja leiteira em Porto Alegre, RS, foi realizado, trabalho experimental em bezerras holandesas HPB sadias, visando comprovar a eficácia das dinamizações obtidas. Neste trabalho publicado em 1981 ficou comprovada que a ação do Solanum preparado homeopaticamente (dinamizado) no organismo sadio obedecia a lei fundamental da homeopatia, a denominada Lei dos Semelhantes, Similia Similibus Curantur. (Arq. Fac. Vet. UFRGS. Porto Alegre, 9 :179-190,Dez.1981 “SOLANUM MALACOXYLON. SENDT: POSSIBILIDADE DE SEU EMPREGO EM TERAPÊUTICA HOMEOPÁTICA”.
Esta publicação contém ainda dois adendos:
1º) Descrição do primeiro caso clínico tratado em outubro de 1980 com Solanum malacoxylon no Hospital da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS: tratava-se um cão Pastor Alemão, de quatro meses que sobreviverá a Parvovirose, doença que a época era altamente letal (80-95%). Esse animalzinho receberá, na convalescência, como reforço durante 12 dias, injeções diárias intravenosas de 1g de gluconato de cálcio e 1g de vitamina C.
A sintomatologia principal era uma grave e constante dispnéia. Uma radiografia realizada na ocasião evidenciou que a sintomatologia era resultante de uma extensa calcificação pulmonar. A excessiva dose de cálcio, em relação ao pequeno porte do animal, fora a responsável pela calcificação pulmonar encontrada e o consequente quadro clínico, era uma típica Doença Iatrogênica.
O tratamento indicado foi: Solanum malacoxylon 5CH, oito gotas 3x/dia. Em cinco dias essa medicação promoveu não só desaparição dos sintomas como também a descalcificação pulmonar conforme nova radiografia realizada no Hospital Veterinário da UFRGS.
2°) Patogenesia do Solanum malacoxylon. essa patogenesia foi por nós elaborada considerando os sintomas clínicos e os dados anatomopatológicos observados na intoxicação pela planta, em animais. Ela foi posteriormente publicada pelo Médico Homeopata Prof. Dr. Alfredo Eugênio Vervlot no suplemento de sua tradução do livro “Matéria Medica with Repertory” de William Boerick. “Matéria Médica com Índice Terapêutico Dr. William Boerick” 1ª ed. Benjamim Fraenkel, RJ, pg. 497; 1990.
Relato Pessoal
Após o surpreendente resultado obtido no caso descrito da Doença Iatrogênica, em 10/80, pessoalmente decidi fazer uso do Solanum malacoxylon 5 CH, que passei a tomar 10 gotas uma vez ao dia. O objetivo, ao fazer uso dessa medicação, foi o de evitar calcificações patológicas em nosso organismo, particularmente as calcificações nas artérias carótidas tão frequentes na idade avançada, e que por reduzirem o afluxo de sangue oxigenado ao encéfalo, levam à diminuição, da memória, do raciocínio e favorecem o desenvolvimento do Mal de Alzheimer.
Faço uso dessa medicação diária há 37 anos e atualmente com 91 anos de idade a considero como o “elixir da longa vida” devido ao estado de saúde em que me encontro. Aos 80 e aos 85 anos de idade realizei o exame “dopller” das carótidas e ambas não evidenciaram calcificações.
Além dos membros de nossa família, inúmeras outras pessoas estão fazendo uso do Solanum malacoxylon 5CH, avalio em mais de 300 pessoas, entre elas ex-alunos e colegas que contam maravilhas dos efeitos desse medicamento e difundem o seu uso. Há relatos de curas de bursites com calcificações, pontos dolorosos de calcificação musculares pós-traumáticas que desapareceram etc… bem como de pessoas que tinham de 65-70% de redução do diâmetro das carótidas e que após o uso por um ano, novo exame revelou carótidas normais. Os efeitos desse medicamento são muito mais amplos do que a simples descalcificação das calcificações patológicas, daí a utilidade de seu uso continuado.
A indicação do uso do Solanum malacoxylon, na 5CH, quinta centesimal hannemaniana, se fundamenta em nossa experiência e não exclui o uso de outras dinamizações.
Referências:
Leia também:
Solanum malacoxylon – Matéria médica homeopática
Solanum malacoxylon – MV Prof. Dr. Claudio Martins Real – Possibilidades de seu emprego em terapêutica homeopática
Ilustrações:
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Tenho orgulho de ter sido aluna do professor Real. Gostaria de comprimenta lo e saber se essa medicação pode ser usada em pessoas com osteoporose. Obrigada