Relato de Caso
Patrícia Martins de Rezende[1], Renato Gonçalves Dias Gayola[2], Simone Rosa Delfino[3]
RESUMO:
As infecções bacterianas são uma das principais causas de Cistite em cães. As complicações que esta patologia causa na vida do paciente são inúmeras devido à resistência que as bactérias desenvolvem aos antimicrobianos, tornando o tratamento complexo e desafiador. Diante dessa realidade a terapêutica Homeopática se apresenta como uma alternativa eficaz, sem risco de gerar resistência.
Este relato apresenta um caso clínico de cadela com histórico de Cistite Bacteriana Crônica, com presença de cristais, que já vinha sendo tratada com medicações alopáticas (antibióticos), porém, em face a frequência das recidivas constantes, sugeriram que o colega tentasse um tratamento diferenciado utilizando um complexo homeopático específico.
INTRODUÇÃO:
A Cistite é uma inflamação da bexiga que pode ter diversas causas como, infecção bacteriana, tóxica ou medicamentosa ou ainda consequente a outras doenças, entre elas diabete, tumores, cálculos e fungos. Os cães, assim como os humanos, são acometidos frequentemente por cistites bacterianas crônicas (VASCONCELLOS, 2012).
Segundo Lulich et al. (2008) citado por Vasconcellos (2012) dentre as doenças que acometem o trato urinário inferior em cães e gatos a Cistite Bacteriana é a mais comum (40%), seguida da Incontinência Urinária (24%) e da Urolitíase (18%). A infecção do trato urinário (ITU) causada por bactérias em cães acomete, em ordem decrescente, fêmeas castradas, machos castrados, fêmeas intactas e, raramente, machos intactos. Estima-se que 14% dos animais sejam afetados em algum momento da vida (VASCONCELLOS, 2012).
Entre as bactérias mais encontradas em casos de ITU estão tanto bactérias Gram+ (Staphylococcus spp, Streptococcus spp e Enterococcus spp) como Gram– (Escherichia coli, Proteus spp, Klebisiella spp, Pseudomonas spp e Enterobacter spp) (CARVALHO et al, 2014).
Os sinais clínicos comumente encontrados em afecções do trato urinário inferior em cães, especialmente em cistites são: hematúria, disúria, polaciúria e incontinência urinária (SIVEIRA et al, 2011).
Dentre as maiores dificuldades no tratamento de cistites bacterianas está a resistência aos antimicrobianos. Os autores enfatizam o fato de que 77,1% dos agentes bacterianos isolados apresentam resistência múltipla aos antimicrobianos (VASCONCELLOS, 2012). Estudos realizados revelam cepas Gram+ resistentes a Tetraciclina (46,1%), Enrofloxacina, Cotrimazol e Estreptomicina (42,3% cada). Para as Gram–, Amoxacilina e Tetraciclina apresentam percentuais acima de 50% (CARVALHO et al, 2014).
Devido às reconhecidas dificuldades em tratar com medicamentos convencionais um caso de Cistite Bacteriana Crônica a abordagem homeopática se apresenta como uma alternativa possível.
Esta terapêutica, criada pelo médico alemão Samuel Hahnemann (1775-1843) no final do séc XVIII, pode ser sintetizada nas próprias palavras de seu fundador” A Homeopatia é a terapêutica que consiste em dar ao doente – em pequenas doses – a substância que experimentada no homem são, reproduz os sintomas observados, obedecendo à lei dos semelhantes “Similia smilibus curantur”, lei natural de cura já registrada nos “Aforismas” de Hipócrates 400 a.C...” (Real, 2008). O uso de medicamentos Homeopáticos não gera riscos de intoxicação nem efeitos colaterais. Outra grande vantagem da Homeopatia é a impossibilidade de gerar resistência por parte de bactérias, isso decorre do fato do medicamento Homeopático não agir no micro-organismo, mas sim no organismo do doente, estimulando suas defesas e assim eliminando de forma natural o patógeno.
RELATO DE CASO
Foi atendida na Clínica Veterinária Cia do Animal, de Americana/SP, em 2012 uma cadela com 10 anos, da raça Bichon Frise, castrada. O animal chegou com histórico de cistite recorrente e já havia passado por três cirurgias para retirada de cálculos vesicais. Após exame clínico o Médico Veterinário solicitou urinálise, cultura bacteriana e antibiograma. O resultado acusou o isolamento da bactéria Staphylococcus sp, a qual no antibiograma, revelou-se sensível à Amoxicilina + Clavulanato e Ceftiofur.
Após o resultado dos exames iniciou-se o tratamento com Amoxicilina + Clavulanato 250mg ½ BID e fornecimento de ração especialmente formulada para transtornos urinários. Apesar do tratamento as recidivas continuaram.
Em outubro de 2013 foi necessário mais uma cirurgia de retirada de cálculos da vesícula urinária.
Em 01 de agosto de 2014 animal foi novamente levado à clínica com sinais de cistite, foi feito exame de urina, que evidenciou presença de bactéria e cristais de fosfato triplo (fig. 01), recomendado uso dos mesmos antibióticos e a manutenção da ração urinária. Após 25 dias de tratamento, novo exame confirmou que as bactérias ainda estavam presentes, o pH aumentou, havia presença de proteínas e cristais de Fosfato Amorfo e de Fosfato Triplo (fig. 02), numa evidência da piora do quadro.
Recomendado nesta ocasião, administrar o produto Homeo Pet Cist Control[4], uma borrifada via oral, 3 vezes ao dia. Animal evoluiu favoravelmente tendo melhorado muito sem mais sinais clínicos. Em novembro de 2014 e janeiro de 2015 foram realizados exames de urina para controle (fig.03 e 04). Os resultados dos exames de urina estão apresentados no quadro abaixo para melhor visualização.
Comparativo de Urinálises | ||||
01/08/14 | 25/08/14 | 13/11/14 | 15/01/15 | |
Acidez pH | 5,0 | 7,0 | 5,5 | 5,5 |
Proteinúria | Negativo | ++ | Negativo | Negativo |
Bactérias | +++ | + | Raras | Ausentes |
Cristais Fosfato Triplo | + | + | + | Ausentes |
Cristais Fosfato Amorfo | – | +++ | – | – |
Evolução dos Exames de Urina
CONCLUSÃO:
A melhora clínica e laboratorial somente ocorreu após a introdução do medicamento homeopático. A ação positiva do HomeoPet Cist Control ficou evidenciada com a interrupção das crises de Cistites, cuja evidência laboratorial se confirmou nos exames posteriores.
Mesmo se tratando de um quadro crônico o produto homeopático foi capaz de solucionar o problema.
Recomendou-se o uso contínuo da medicação objetivando evitar recidivas, alicerçado no fato de ser um produto 100% homeopático, cuja constância no uso constante não causa efeitos colaterais ou gera qualquer resistência.
REFERÊNCIAS:
CARVALHO, V. M.; SPINOLA, T.; TAVOLARI, F.; IRINO, K.; OLIVEIRA, R. M.; RAMOS, M. C. C. Infecções do trato urinário (ITU) de cães e gatos: etiologia e resistência aos antimicrobianos. Pesq. Vet. Bras. 34(1):62-70. janeiro 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pvb/v34n1/11.pdf – Acesso em 10/09/18.
REAL C.M. Homeopatia Populacional – Fundamentos Ruptura de um Paradigma. A Hora Veterinária – Ano 28, nº 164. 2008
SILVEIRA, B.P.; RODRIGUES, A. B. F.; LIMA, A. C. Q.; SILVEIRA, L. L.; OLIVEIRA, A. L. A. Cistite crônica relacionada a divertículo vesico-uracal em cão Relato de caso. PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Londrina, V. 5, N. 19, Ed. 166, Art. 1118, 2011. Disponível em: file:///C:/Users/django/Downloads/cistite-crocircnica-relacionada-a-dive.pdf – Acesso em: 10/09/18.
VASCONCELLOS, A. L. Diagnóstico de Cistite em Cães – Contribuição dos Métodos de Avaliação. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias Campus de Jaboticabal – SÃO PAULO – BRASIL Fevereiro de 2012. Disponível em: file:///C:/Users/Bruno%20e%20Patrícia/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bbwe/TempState/Downloads/DIAGNÓSTICO%20DE%20CISTITE%20EM%20CÃES%20CONTRIBUIÇÃO%20DOS%20MÉTODOS%20DE%20AVALIAÇÃO.pdf – Acesso em 11/09/18
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