CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS POR SEGUNDA INTENÇÃO COM COMPLEXO HOMEOPÁTICO
WOUND HEALING IN SECOND INTENTION WITH HOMEOPATHIC COMPLEX
1Patrícia Martins de Rezende, 2 Prof. Dr. Claudio Martins Real, 3Mario Franco Trezfger Cinato, 4Carlos Eduardo Wagner, 5Gerusa Valverde Lima, 6Michel Gavioli de Souza
1 Médica Veterinária – Promotora técnica Real H – [email protected]
2 Professor Emérito Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Mato Grosso do Sul (UFMS)
3 Médico Veterinário especialista em Clínica e Cirurgia de Pequenos animais
4 Médico Veterinário especialista em Clínica e Cirurgia de Pequenos animais
5 Médica Veterinária especialista em Analises Clinicas
6 Médico Veterinário especialista em Clínica Cirúrgica e Ortopedia
RESUMO
A cicatrização de feridas é um processo complexo que envolve a estruturação e crescimento de novo tecido no local afetado. Além da reação inflamatória com a participação dos elementos de defesa sanguíneos. Nesse processo participam sinais químicos, hormonais, proliferação celular e a formação da matriz extracelular. Os tratamentos utilizados em soluções de continuidade da pele e/ou em lesões de qualquer tipo e natureza buscam uma cicatrização rápida e eficaz que minimize os sinais da ocorrência.
Este trabalho pretende enfatizar a possibilidade do emprego de Homeopatia usada sob a forma de pomada cicatrizante em lesões de pele de diferentes causas. Foi utilizado o produto comercial homeopático 7Homeopet CMR®.
Unitermos: Cicatrização, Feridas, Homeopet, CMR
ABSTRACT
Wound healing is a complex process that involves the growth and structuring of new tissue in the affected area. Besides the inflammatory reaction involving the defense elements blood. In this process involved chemical signals, hormones, cell proliferation and extracellular matrix formation. The treatments used in breaks in the skin and / or injuries of any kind and nature aimed scarring quickly and effectively to minimize the signs of the occurrence.
This paper intends to emphatize to highlight the possibility of using Homeopathy under the form of ointment cicatrizing skin lesions of different causes. Was utilized used the commercial product homeopathic Homeopet CMR®.
Keywords: Healing, Wounds, Homeopet, CMR
RESUMEN
La cicatrización de heridas es un proceso complejo que consiste en la estructuración y en el crecimiento de tejido nuevo en la zona afectada. Además de la reacción inflamatoria que consiste en la participación de sangre de descargo. En este proceso involucrado señales químicas, hormonas, la proliferación celular, la formación de la matriz extracelular. Los tratamientos utilizados en grietas en la piel y / o lesiones de cualquier tipo y naturaleza tenden a una curación rápida y eficaz para minimizar los signos de la aparición.
Este trabajo tiene como objetivo poner de relieve la posibilidad de utilizar la homeopatía en la forma de ungüento curativo en lesiones de la piel de diferentes causas. Se utilizó el producto comercial homeopática Homeopet CMR®.
Palabras clave: cura, Heridas, Homeopet CMR.
INTRODUÇÃO
A pele é considerada o maior órgão da economia animal. Ela corresponder a 12% do peso corporal de um cão adulto e a 24% do peso corporal de um cão filhote [9]. É coberta de pêlos e sua espessura gira em torno de 0,5 – 5mm no cão e 0,4 – 2 mm no gato [8]. Através de suas múltiplas funções desempenha um importante papel na manutenção da saúde e do organismo como um todo. Ela exerce funções de proteção: mecânica, resistência a traumatismos; térmica, colabora na manutenção da temperatura corporal, através da retenção ou dissipação de calor; físico–química, através das variações de pH, dificulta a infecção por microorganismos e a instalação de parasitas e ainda contra agressões químicas e radiações. Além destas funções de proteção a pele produz sob efeito da exposição ao sol, a vitamina D e é também o reservatório de água, eletrólitos, gordura, carboidratos e proteínas [9].
A pele é constituída por três camadas: epiderme, a derma e o hipoderma. A epiderme é formada por um epitélio pavimentoso estratificado. A derma é formada por tecido conjuntivo onde estão localizados vasos sanguíneos, linfáticos, nervos e fibras musculares lisas responsáveis pela ereção dos pêlos (músculo horripilador), sendo o suporte principal da pele, sobre a qual se apóia a epiderme. A hipoderme é um estrato de tecido conjuntivo frouxo, que é recoberto pela derma e epiderme [8].
Dado o importante papel desempenhado pela pele, a perda de sua integridade pode resultar em um desequilíbrio fisiológico substancial [8]. As lesões podem ser o resultado de fatores extrínsecos, tais como incisões cirúrgicas, cortes resultantes de brigas ou acidentes, bem como de fatores intrínsecos, como abscessos causados por infecções, ulceras decorrentes de alterações vasculares e/ou transtornos metabólicos e ainda os de origem neoplásicas [7].
A ruptura da pele nos animais vertebrados, leva ao inicio de um processo de reparação, que compreende uma sequência de eventos moleculares objetivando a restauração do tecido lesado [1]. Independente do tipo de lesão e da extensão do tecido afetado, qualquer ferida passa por três fases de cicatrização: fase inflamatória e/ou exsudativa; fase proliferativa: formação do tecido granular e fase de maturação e a fase de remodelagem com reepitelização [4].
Estabelecida a lesão, normalmente ocorre um extravasamento de sangue pela secção de capilares e/ou dependendo da profundidade secção de veias e artérias. Este sangramento preenche a área lesada com plasma e elementos celulares principalmente plaquetas, que levam à coagulação do sangue extravasado. O coagulo formado funciona como um tampão rico em fibrina e representa uma barreira contra a invasão de microorganismos, além de organizar a matriz provisória necessária para a migração celular. A fase inflamatória tem uma duração aproximada de três dias e nela ocorre a migração de leucócitos (neutrófilos) para a área da lesão onde realizam a fagocitose de bactérias e elementos estranhos presentes no local. Após ocorre a liberação de macrófagos que continuam a fagocitose [4].
A proliferação dos tecidos é a fase responsável pelo fechamento da lesão propriamente dita [4]. A transição da fase inflamatória para a fase proliferativa é caracterizada pela proliferação de fibroblastos, pelo elevado acumulo de colágeno e pela formação de estruturas endoteliais novas no interior da lesão. Esta fase tem uma duração média de 5 a 20 dias [7].
Na formação do tecido de granulação ocorre a fibroplasia e angiogênese [4] e [7]. O tecido de granulação é um tecido conjuntivo frouxo e bem vascularizado que preenche o ferimento e resulta da combinação de novos capilares, fibroblastos e tecido conjuntivo fibroso. Este tecido protege a ferida, formando uma barreira contra infecções e uma superfície para epitelização que contém miofibroblastos, estes são fibroblastos especiais importantes para a retração da lesão. Há também a presença de macrófagos que debridam a ferida fornecendo citocinas necessárias para estimular a atividade dos fibroblastos e a angiogênese [7].
A angiogênese é a etapa fundamental do processo de cicatrização e ocorre simultaneamente com a fase anterior, na qual novos vasos sanguíneos são formados a partir dos vasos preexistentes. Os novos vasos participam da formação do tecido de granulação provisório e suprem de nutrientes e oxigênio o tecido em crescimento. A angiogênese ocorre na matriz extracelular do leito da ferida com migração e proliferação endotelial [4].
Fibroplasia é a etapa que inclui os fibroblastos associados a matriz extracelular. As Citocinas (PDGF, TGF-β e FGF) e a matriz provisória estimulam a proliferação de fibroblastos, que migram para o interior da lesão com a redução da fase inflamatória. Após a migração os fibroblastos secretam grande quantidade de fibronectina, formando uma matriz extracelular frouxa. A Ciotocina TGF-β é a responsável por sintetizar e depositar colágeno, elastina e proteoglicanos, resultando no amadurecimento do tecido fibroso. A matriz extracelular provisória é gradualmente substituída por uma nova matriz extracelular composta por colágeno que é diretamente o responsável em gerar força de tensão na ferida em cicatrização. O termino desta fase é caracterizada pelo declínio no número de capilares e fibroblastos e pela grande deposição de colágeno [7].
Essa é a última das fases, ocorre no colágeno e na matriz, pode durar meses e é a responsável pelo aumento da força de tensão e pela diminuição do tamanho da cicatriz e do eritema [2]. Com o decorrer do processo de maturação e remodelagem, a maioria dos vasos, fibroblastos e células inflamatórias desaparecem do local da ferida por emigração e apoptose. Este fato leva a formação de uma cicatriz com reduzido número de células [4].
A reepitelização é o recobrimento da ferida por novo epitélio e consiste tanto na migração quanto na proliferação dos queratinócitos a partir da periferia da lesão o que já começa a ocorrer durante a fase proliferativa. Esses eventos são regulados por três agentes principais: fatores de crescimento, integrinas e metaloprotease [6].
Várias são as doenças que podem interferir negativamente no processo de reparo tecidual, tais como: diabetes, esclerose sistêmica, anemia, disfunção renal, infecções e também o uso de algumas drogas sistêmicas. A falta do tratamento local adequado também é um fator que interfere retardando a formação do tecido de granulação e epitelização [4].
Devido à extrema importância que o extrato epidérmico possui na constituição e manutenção do organismo dos animais e a alta incidência em veterinária, de acidentes com perfurações e lacerações de pele com alto índice de contaminação devido ao habitat e ao estilo de vida dos animais, é importante a busca por tratamentos alternativos o que vêm se intensificando nos últimos anos [3].
A Homeopatia se apresenta como mais uma terapêutica para o tratamento de diversas patologias procurando evitar efeitos colaterais e intoxicações comuns com o uso intensivo de medicamentos alopáticos. A terapêutica homeopática foi criada pelo médico alemão Samuel Hahnemann, (1775-1843), no final do século XVIII e pode ser sintetizada com as próprias palavras de seu criador: “A Homeopatia é a terapêutica que consiste em dar ao doente, em pequenas doses, a substância que experimentada no homem são, reproduz os sintomas observados, obedecendo à lei dos semelhantes – Similia similibus curantur -”. Esta lei natural de cura já era conhecida na antiguidade e registrada nos “Aforismas” de Hipócrates 400 AC. [5].
A terapêutica homeopática é de uso abrangente, podendo ser utilizada sob a forma injetável, por via oral ou tópica.
O uso oral em nosso país é o mais difundido, seja sob forma de soluções hidroalcoólicas, glóbulos, pastilhas, comprimidos ou em pó (papeis).
A Homeopatia pode ainda ser utilizada sob a forma de pensos, compressas úmidas, opodelcs e modernamente sob a forma de pomadas.
Apresentamos abaixo quatro casos pinçados de uma excelente casuística de resultados obtidos com a pomada Homeopet CMR®.
RELATOS DE CASOS
Caso 1: canino, macho, SRD. Campo Grande – MS. O animal foi levado a clinica com áreas extensas de necrose nos membros anterior esquerdo e posterior direito (fig. 01) causadas pelo extravasamento de soro hipertônico, feito sem a devida contenção do paciente. Teve então inicio o tratamento local com a pomada CMR. Os curativos foram realizados conforme bula: “evitar o uso de soluções desinfetantes (água oxigenada, liquido de Dakin, etc.), lavar o ferimento, se necessário, uma única vez e após não usar líquidos (nem soro fisiológico), limpar a lesão com algodão seco cobrir com a pomada, proteger com uma camada de algodão (não utilizar gaze) e enfaixar”. Este foi o procedimento realizado em todos os curativos que eram feitos com intervalo de 24 horas.
Em apenas 10 dias de tratamento a lesão já estava cicatrizada (fig. 02 e 3).
(fig.01 – inicio do tratamento -12/01/10) (fig. 02 – após 10 dias – 22/01/10) (fig. 03 – após 10 dias – 22/01/10)
Caso 02: canino, macho, 5 anos, SRD. Dourados – MS. O cão chegou à clínica com uma lesão no pescoço causada por um arame onde ficou preso. No exame físico observou-se laceração lado direito do pescoço com a presença de miíases. Foi realizada limpeza do local, retirada das larvas (fig. 4) e prescrito nos primeiros dias antibiótico, antiinflamatório e curativos com a pomada CMR®. Neste caso os curativos foram feitos a cada 48 horas, pois o animal era muito agressivo e precisava ser sedado antes do procedimento. A evolução foi rápida. Aos oito dias já era possível observar significativa redução da lesão (fig. 5) e em 14 dias, a lesão já estava praticamente cicatrizada (fig. 6) e o animal foi liberado.